Fagulha para o fogo
Foto de Mário Silva
Fernanda Abreu >> A Onça
Quando sair, trancar a porta e o portão
Pedir a Ogum que me acompanhe nesse dia
Olhar pra mão, pra contramão
Pra toda a direção, ver se tá vento ou calmaria
O pé direito vai na frente, então me movo
Aperto o passo enquanto estudo o ambiente
Observar, do meu radar
O cérebro gelado enquanto o corpo segue quente
O meu olhar esquadrinhando a selva urvbana
O coração de quem não come há uma semana
Vou devagar, vou me cuidar
Trancar na jaula a fera humana
Olha o bicho, olha a onça
Corre se ela te atacar
Corre, cego, segue em frente
Não deixa ela te pegar
De noite a luz intensa dos meus olhos faróis
E de repente lá no céu uma estrela brilha
Como um sinal, como um punhal
Cortando o meu caminho, iluminando o que eu não via
Basta viver pra entrar num jogo perigoso
Basta o instante da fagulha para o fogo
Vou desarmar meu coração
Fugir de toda a confusão
O meu olhar esquadrinhando a selva urbana
O coração de quem não come há uma semana
Vou desarmar a minha mão
Fugir de toda a confusão
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